segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Emprego ou Trabalho? - parecem iguais mas são muito diferentes.






Por Carlos Rogério (Diretor Executivo da Travessia RH) para site Travessia RH (republicado com autorização do autor).




Este é um dilema que sempre está nos debates sobre empregabilidade.

A resposta a princípio, e o que todos especialistas apontam, é para o trabalho. Ter empregabilidade, ou seja, ter um conjunto de competências e habilidades onde você possa prestar um serviço especializado por um tempo determinado e receber por ele, sem ter vínculo empregatício.

Em teoria concordo em 100% e acho que este será o futuro desta relação. Já na pratica, infelizmente não tenho a mesma convicção.

Minha fé e convicção abaladas vêm da prática. Vivendo em um país onde a Legislação Trabalhista é da década de quarenta, elaborada pelo governo Getúlio Vargas e baseada na ” Carta de Lavoro”, de Mussolini, e sem quase nenhuma modificação nestes últimos 75 anos, fica difícil não ser cético quanto sua eficácia e contribuição a relação do Capital e Trabalho.

Podemos citar o forte engessamento desta relação baseada na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), nas mudanças tecnológicas surgidas nos últimos 75 anos e também do protecionismo exagerado que tutela os empregados no Brasil através dos seus direitos. Da mesma maneira que protege, também complica, pois onde há desregulamentação e custos mais baixos, pode se contratar sem grandes receios do amanhã e de uma reclamação trabalhista.

Como é sabido a Legislação trabalhista se orientam baseado no direito romano e é baseado em 2 princípios básicos: ” Pro misero” e “Em dubio pro reo”. O primeiro significa que em caso de dúvida razoável, o Juiz interpreta a prova em benefício do réu (empregado). No segundo segue o mesmo princípio, em caso de dúvida, o Juiz deve favorecer o réu , neste caso o empregado de novo.

Diante do exposto acima, o emaranhado jurídico forma uma lacuna e muita confusão entre o que é direito e o que é obrigação na relação capital e trabalho.

Também pesam os traços culturais da nossa sociedade em que impera o curto prazo. As pessoas ou os profissionais que optaram pelo trabalho tem dificuldades em se planejar financeiramente e viver num cenário de incertezas, constantes mudanças, se haverá trabalho amanhã e se terá renda para honrar seus compromissos.

Existem os profissionais liberais: médicos, advogados, contadores e prestadores de serviços que já aprenderam esta lição.

Na minha opinião, teremos ainda que caminhar muito para que o trabalho esteja à frente do emprego. Como dito, serão necessárias mudanças pessoais, culturais e de legislação para que este processo seja acelerado.

Também nem sempre o empreendedor é um bom administrador. Ele pode se sair muito bom em empreender um novo negócio, mas pode ter muita dificuldade para seguir em frente na administração desta boa ideia inicial. Não adianta ter competências e habilidades bastante desenvolvidas se não souber vendê-las e coloca-las em prática .

Espero que esta realidade mude rapidamente. Já cumpri mais de 35 anos com emprego e hoje estou tentando vender o meu trabalho. Independente da minha qualificação, ainda me ressinto da segurança do emprego e me assusto com as incertezas do trabalho.

Carlos Rogério.




Aconteceu alguma situação profissional que se encaixe no caso acima? Gostaria de compartilhar conosco?

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