sábado, 28 de maio de 2016

O Santo bateu?





Por Haroldo Souza para LinkedIn Pulse (reproduzido no Managers Café com autorização do Autor).



Algum tempo atrás, eu estava esperando pelo fretado para retornar a minha cidade e duas pessoas atrás de mim, conversavam em alta voz, rindo bastante, falando de suas "aventuras" no dia a dia do seu departamento de RH.
Diziam: _ Eu dispensei o candidato logo de cara, quando perguntei a ele;  _Porque você acha que seria bom para a nossa empresa, e o mesmo respondeu: _Ah! Eu sempre "sonhei" em trabalhar aqui e blá, blá, blá...
Então ela continuou: _ Porque eu acho que se uma pessoa já vem falando que o sonho dela é trabalhar aqui, gente! Não dá! A pessoa vai se decepcionar porque considero ela fora do real! Você não tem que sonhar em trabalhar num lugar, sei lá, você tem que ter outra resposta que não seja que seu sonho era esse!
Logo depois meu fretado chegou, e fui embora pensando naquilo que ouvi...
Poxa vida, a pessoa se prepara, se ela foi chamada para o processo, deveria ter algo que a tornava de certa forma, apta a participar, caso contrário, não teria sido chamada para a tal entrevista. E por uma simples "menção" de que sempre sonhou em fazer parte daquela corporação ela foi cortada...
Incrível como o ser humano tem a capacidade de achar-se um tipo de "deus" em determinados momentos, dependendo da posição que ocupa. Esquece que também um dia, para estar ali, passou por um processo, e provavelmente se sentiu-se tão inseguro quanto aquele que ela dispensou por ter dito algo que ela supostamente considerou "errado".
Não existe nenhuma mágica para se sair bem num processo seletivo, além das eventuais básicas. Por mais que você esteja preparado, tenha proficiência no que a vaga pede, ou de repente vá até além do que a vaga pede, ( que muitas vezes também é considerado ruim por quem está contratando... )  Existe sim uma regra invisível, e esta passa por cima de muitas outras as vezes...Esta regra chama-se, " o santo bateu".
Um velho amigo de RH, que já se encontra no outro plano de sua existência, há quase quinze anos atrás, disse me ao me contratar:
_ Olha, vou te dizer uma coisa; você pode ter a formação que a vaga pede, pode ser o mais técnico entre os outros candidatos e ter a melhor performance, mas nada disso vai adiantar se o " chefe", entenda-se também, "a pessoa que estiver contratando" não for com a sua cara, porque mesmo que ela te contrate, inexplicavelmente ela fará da sua vida na empresa um inferno. Simples assim...
Não há nada que mude isso, por mais que o "ser" do outro lado se considere o mestre da empatia e do conhecimento humano, em 90% dos casos se seu conhecimento, não estiver aliado a simpatia entre você e o selecionador/contratante da posição, ou seja, "o santo bateu", é bem provável que você fique fora do processo e terá de seguir adiante em sua busca por recolocação.
Por mais que muitos não admitam isso, porque chega a ser meio " pobre de espírito" admitir.  Isso existe...
Em nosso dia a dia profissional, além do velho "feeling", se pudermos nos despir de conceitos enraizados por coisas como; causas que defendemos, conceitos de criação, interesses pessoais, dogmas de religião ou mesmo política, seriamos muito mais justos e sóbrios.
A verdade não tem um dono, ela não é submissa, e cada um cria, e crê na sua própria verdade, dependendo muito dos itens citados acima que estão inerentes em todos nós, como no caso das pessoas do começo do texto. Certamente não foi o sonho do entrevistado que o tirou do processo, mesmo porque sonhar não pode ser proibido, ( talvez falar do sonho seja? ).
Quem é que nunca sonhou em trabalhar numa determinada empresa? Isso é a coisa mais normal da vida...Ano passado um amigo, realizou o grande sonho de sua vida em conseguir após 3 anos de tentativas, finalmente entrar na "empresa dos seus sonhos". E daí? Ele estava errado? Só sei que o primeiro de todos os projetos da vida de qualquer um, é o sonho, quem não sonha não vive, além de que tudo que vemos a nossa volta um dia, foi apenas o sonho de alguém...
Passamos a melhor parte de nossas vidas numa empresa, ( 8 horas por dia ou mais )  devemos fazer o melhor que pudermos sempre, não apenas para nós mesmos, mas para todo o conjunto, tornar o ambiente o mais justo e eficiente possível, e ao mesmo tempo agradável, é uma função que nos torna melhores seres humanos nessa nossa longa e curta jornada. Lembrem-se, a verdade não tem dono, e também não procura por um. Nós é que achamos sempre que somos donos dela.
Por trás de cada entrevista, há uma história de vida de um candidato. Devemos sempre pensar, e utilizar a "empatia", visto que uma palavra tão comum, mas ao mesmo tempo tão abrangente ( afinal, o sonho é a maior coisa que nós temos dentro de nós ), como um fator desclassificatório parece ser um grande engano.
E você? Não está cometendo o mesmo engano com uma outra palavra?
Aguardo comentários!
Aconteceu alguma situação profissional que se encaixe no caso acima? Gostaria de compartilhar conosco?

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