sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Apertem os cintos, o RH sumiu!







Por Luciana Telles para LinkedIn Pulse e 
Blog pessoal da Luciana Telles(reproduzido no "Managers Café" com permissão da autora)




Poucas profissões cresceram tanto nos últimos 10 anos como os profissionais de RH.  Esse crescimento trouxe novas perspectivas para a profissão, como salários maiores, novos cursos de especialização, reconhecimento da categoria, mas também trouxe uma carga uma difícil para ser administrada por profissionais do setor e por donos e gestores de empresas.

Tornou-se “moda” a contratação de Gestores de RH, com isso, a demanda crescente fez com que alguns profissionais se destacassem pela busca constante de especializações, mas também trouxe para o mercado uma enxurrada de profissionais mal qualificados e preparados para defender sua real função.

Sempre foi muito comum para grandes empresas, a contratação de bons profissionais de RH.  É comum também nestas empresas o investimento em aprimoramento contínuo de suas equipes, principalmente a própria equipe de RH.  O resultado é normalmente de empresas bem estruturadas, com cargos e salários bem definidos, assim como escopo de funções e pacotes de remuneração variável atrativos e com campanhas de motivação que em geral dão muito certo.  Funcionários satisfeitos e retenção de talentos seriam a premissa básica para continuar o crescimento e o bom desenvolvimento da empresa, assim pensam corretamente os gestores de companhias de sucesso.

Na contra-mão desta história toda, as pequenas e médias empresas que aderiram ao “modismo” de contratação de profissionais de RH, mas que não ofereceram autonomia ao setor montado, ou pior e mais frequente, contratam um profissional de RH para gerir o Departamento pessoal.  Ledo engano é pensar que as funções são complementares!

Profissionais de DP, em geral, têm suas imagens desgastadas por estarem diretamente relacionados a parte burocrática das relações entre patrões e empregados. O gestor de RH precisa ter a confiança dos colaboradores, deve ser o ponto de equilíbrio dos conflitos, das relações interpessoais, o ouvinte certo e estar sempre pronto para debater os anseios dos demais funcionários da empresa. Precisa ter conhecimento e bom senso para orientar e administrar os conflitos e problemas das relações interpessoais de uma empresa.

O profissional de RH que estiver focado em funções de DP, não terá tempo de executar suas reais funções, ou seja, não será um profissional de RECURSOS HUMANOS e sim de administração burocrática e documentação de funcionários.  Além disso, não contará com a confiança irrestrita dos colaboradores.

O profissional de RH deveria ser tão importante como o de vendas, ou financeiro, pois ele administra o capital mais importante de qualquer empresa, o capital humano.

O mais interessante da crise é que as empresas deixam de dar valor a seus colaboradores.  A oferta demasiada de profissionais disponíveis no mercado talvez balize essa péssima cultura das empresas nacionais.  Companhias brasileiras não investem na retenção de talentos e na capacitação de seus funcionários.  Como consequência disso, temos empresas sem cultura e sem história.  Preferem contratar outros funcionários do que investir nos antigos.

Essa contratação de novos funcionários tem sido outro problema bem grande…  É cada vez mais comum a terceirização de serviços de Recrutamento e Seleção por empresas qualificadas, sem um RH da própria empresa envolvido neste processo.  Curiosamente percebo uma cada vez mais crescente coleção de empresas com equipes mal formadas, profissionais com perfis inadequados às funções que exercem e, principalmente, completamente diferentes da cultura da empresa.  Resultado: EMPRESAS SEM ALMA

A falta de um bom profissional de RH na empresa EXERCENDO A FUNÇÃO CORRETAMENTE traz funcionários sem orientação de objetivos, desconhecendo seus potenciais, com empresas com baixo ou nenhum investimento em retenção de talentos, investimentos pífios em desenvolvimento e capacitação de seus colaboradores, programas de motivação ou de remuneração variável mal-formatados, que não conseguem motivar absolutamente ninguém e que mais parecem fórmulas complexas de física quântica para a mensuração de seus resultados, funcionários mal-assistidos, mais sujeitos a assédio moral, que por sinal vem crescendo novamente nos últimos anos, conforme comento no meu texto “A Incrível Geração dos Gestores Sem Educação“.

Enfim, o RH sumiu!  E agora????

Empresas e gestores precisam entender que a despeito de qualquer crise ou leilão de candidatos disponíveis no mercado, os funcionários são a alma da empresa.  Se eles estão felizes, motivados e bem orientados, não haverá crise que se aproxime.  Diretores deveriam usar mais os profissionais de RH como o elo de comunicação e troca de informações, para entender melhor como conciliar os objetivos corporativos com os feedbacks de sua equipe.  A troca constante de colaboradores ou a contratação de funcionários sem critérios, políticas e perfis corretos, irá gerar um clima de insegurança geral na empresa, essa atmosfera negativa pode contaminar negativamente até mesmo os funcionários mais motivados, estancando avanços e desenvolvimentos.

Invista corretamente no seu profissional de RH, saiba contratá-lo corretamente e lhe dê autonomia para fazer o trabalho dele, para exercer a função real dele.  Agindo desta forma, os resultados serão muito mais expressivos, seus funcionários estarão muito mais unidos e fortes para o enfrentamento de qualquer obstáculo. Sua empresa só terá a ganhar!



Aconteceu alguma situação profissional que se encaixe no caso acima? Gostaria de compartilhar conosco?

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6 comentários:

  1. Pois é! Subscrevo tudo o que aqui foi dito. E agora? Devo perder a esperança de um dia vir a trabalhar na minha área de formação?

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  2. Uma estratégia interessante para pequenas e médias empresas, sem condições de manter um RH completo (recrutamento, treinamento, retenção e o que mais se encaixe), é a contratação de consultores/consultorias externas, experientes.
    Assim essas funções vitais para a Empresa, seriam garantidas sem grandes investimentos. À medida que o tempo passe, quem sabe não chega a hora de montar o RH? Aí sim, com "massa crítica" para tê-lo "in house".
    É bom pensar nisso (melhor que ficar parado, vendo o tempo passar).

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  3. Trabalhei em uma grande empresa do varejo, onde quando a mesma ainda era nacional, existia uma equipe de RH com profissionais qualificados. Contudo, a empresa foi adquirida por uma multinacional e ai a coisa degringolou. Paulatinamente, trocaram os profissionais de RH por "comerciários de rh". Com isso, a qualidade que, mesmo com os profissionais de RH, já não eram tão boas, ficaram muito ruins. Quem não tem a devida competência para recrutar coloca qualquer um dentro das empresas. O que vemos hoje dentro das empresas são pessoas que aparentam ser o que não são em cargos para os quais não está habilitado. Tudo isso é fruto do recrutamento feito por profissionais inábeis para tal. Ligado a tudo isso, infelizmente temos muitos profissionais de RH que contratam pessoas apenas, pelo fato de vender bem o peixe, mesmo que este esteja apodrecendo, em detrimento de pessoas que, mesmo sendo excelentes profissionais, todavia, não sabem se vender. Tenho esta como uma das principais razões para hoje, termos uma egolatria muito exacerbado dentro das empresas, com profissionais que sequer gozam de uma boa educação doméstica, quiçá, preparo para assumir grandes desafios com pessoas.

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  4. A relação com os colaboradores poderia ser diferente caso estes fossem tratados não como RECURSOS humanos, mas sim como SERES humanos !

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  5. Tenho me profissionalizado na área e realmente o que tenho visto são empresas mal elaboradas com funcionários insatisfeitos e mais, não investem no RH, acham que não são relevantes, diante disso muitas empresas estão fechando suas portas!

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  6. Estou no ultimo semestre de Administração de Empresas e trabalho em terceirizada na qual ocupo esse cargo, felizmente além do profissional de RH o Administrador tem especificação que o qualifica a gerenciar esse departamento. Esse setor como foi muito bem colocado no artigo acima de fato deveria ser o principal canal de comunicação entre empresa e funcionário, infelizmente essa não é a realidade, embora trabalhe nesse departamento não tenho a pretensão de continuar e o principal motivo o que foi aqui abordado. Deixo aqui o meu apoio para que todos os profissionais de RH continuem na busca por liberdade de atuação nesse mercado injusto.

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