sábado, 28 de fevereiro de 2015

O perigo do falso consenso - Um passeio em Abilene


Por: Toshinobu Ishida para "Managers Café" e "LinkedIn Pulse"

     Alguns leitores já devem ter ouvido falar sobre o Paradoxo de Abilene, citado originalmente pelo Professor Jerry B. Harvey da Universidade George Washington. Para quem não conhece, vou escrever usando um exemplo diferente do caso original que é divulgado na internet.
     Uma família está sem planos para o feriadão que está chegando. Para evitar o marasmo, subitamente alguém diz: — vamos para a praia! O pai se lembra da última vez em que ficaram 5 horas para descer a serra, mas não quer ser o estraga prazer e diz: — vamos! A mãe lembra que por causa da falta de água, tiveram que improvisar as refeições e tomar banho de caneca, mas para não ser do contra diz: — vamos! O filho mais velho, que estuda numa outra cidade e preferia descansar em casa, concorda em ir para não desagradar os pais. E a filha mais velha, que não gosta da praia, concorda em ir para não ficar sozinha em casa.
     A viagem não poderia ser diferente do previsto. Pegaram a chave da casa de praia de um casal amigo. Gastaram 5 horas para chegar na praia (normal é 1 hora), havia falta de água na casa, praia congestionada com mar impróprio para banho, não podia lavar louças, refeições caras e mal servidas e finalmente 4 horas de percurso para retornar para casa.
     Após o retorno, alguém diz: de quem foi a péssima ideia de descermos para praia? Começa a discussão. Eu fui porque você disse que queria ir. Eu queria ir para as montanhas mas vocês falaram de praia e eu não queria ser diferente. Concordei para não ficar sozinho, mas eu preferia ficar e ir a balada com meus amigos. Eu sabia que num feriadão ia ser desagradável mas não queria desagradar os pais.
     A família foi para Praia de Abilene.
     Há situações mais simples. Meio-dia, no escritório da empresa, os funcionários se olham e perguntam: onde será o almoço hoje? Sabendo que o chefe gosta de carne, um deles sugere: que tal hoje ir numa churrascaria? Mas ninguém sabia que o chefe almoçou ontem com um cliente numa churrascaria. O chefe queria ir num restaurante vegetariano, mas para não desagradar o funcionário que sugeriu, respondeu: — vamos! Assim, os demais funcionários que tinham outras preferências acabaram indo para churrascaria, achando que estavam agradando o chefe.
     A churrascaria tinha o nome de Pampas de Abilene.
     O falso consenso é uma situação que pode ocorrer a qualquer momento. E é bastante corriqueiro na vida profissional. Numa reunião de decisão, alguém sempre tem que lembrar: — "não estamos a caminho de Abilene?" — Para se ter a certeza de que, entre seus participantes, existe um CONSENSO REAL no momento de decisão, antes que o retorno custe demais.
Aconteceu alguma situação profissional que se encaixe no caso acima? Gostaria de compartilhar conosco?

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